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domingo, 11 de abril de 2010

O irresistível charme do homem casado

Por Por Regina Valladares - Reportagem Micheline Alves

Toda vez que começa aquele choramingo de que não tem homem do mercado, ele sempre vem acompanhado de um adendo: os bons estão todos ocupados. E os bons são os maridos alheios. Será que isso é verdade? Por que eles são melhores? Afinal, o que as mulheres vêem neles?

Não é verdade que os casados são de melhor qualidade do que os solteiros. O que acontece é que tanto o homem quanto a mulher quando estão seguros num relacionamento comportam-se com muito mais descontração e naturalidade. Entre solteiros sempre paira uma certa tensão no ar, uma ansiedade em relação ao desconhecido, ao "será que vou encontrar alguém?" Quando esses tímidos e nervosos homens solteiros encontrarem uma mulher a que se ligar, imediatamente se transformarão em bons homens casados. E se tornarão irresistíveis aos olhos daquelas que gostam do tipo comprometidos. Entrevistamos trinta solteiras para saber por que essa atração fatal pelo fruto proibido.

O que as mulheres que gostam de homens casados têm a dizer

Os casados conhecem um pouco mais o sexo feminino

Eles vivem full time com a patroa, então têm uma boa escola. Aprenderam a conversar sobre sentimentos. "É mais fácil falar de você com um cara casado. Ele não oferece perigo, já que é comprometido", explica Carmem, 37 anos, gerente de conta. "Você fica mais a vontade, pode ser verdadeira. Se o cara gostar de você e quiser largar a mulher, ótimo, é lucro."

Se outra está com ele é porque o cara tem alguma coisa.

O casamento funciona como um controle de qualidade."Se você encontra um cara solteiro de 40 anos, fica logo com a pulga atrás da orelha", diz Marta, 38 anos, comerciante. "Deve ter alguma coisa errada com ele, porque não é normal nunca ter se casado. Agora, o homem casado é um desafio testado e aprovado."

A possibilidade de um relacionamento sem cobrança.

Há quem prefira namorar homens casados enquanto não encontra o homem da sua vida. "Eles não cobram nada de você", justifica Denise, 29 anos, economista. "E como têm família, nunca estão livres nos finais de semana, quando saimos à caça de um bom partido. Assim, a gente não fica carente demais, nem perde a prática da conquista enquanto não acha um par."

A felicidade faz a pessoa ficar mais bonita.

E, ao sentir-se mais bonita, ela fica mais segura de si, mais confiante e isso faz com que brilhe com mais força. "Parece a lei de Murphy", diz Simone, arquiteta, 29 anos. "Basta eu estar com alguém para chover paqueras atrás de mim. Mas, quando estou sozinha, eles não me olham. Com os homens é a mesma coisa. Eles ficam mais atraentes."

O desafio da conquista difícil.

Ver o sujeito com a namorada ou esposa, saber que vai ser mais difícil vencer a batalha, mas ele deu bola para você... "Não curto homem casado, mas comprometido é dez", diz Renata, 21 anos, professora de educação física. "Gosto de competir. Se ganhar o gato, fico feliz e sem culpa nenhuma pois ninguém acaba o namoro de ninguém. A relação já devia estar ruim para ter acabado. Se não ganhar, a batalha era difícil, mas eu tentei."

A esperança de ser a eleita.

Há mulheres que se apaixonam e sofrem porque o cara não deixa a família para ficar com ela. "Não tenho mais esperanças, mas o amo muito, sei que é a pessoa com quem eu gostaria de ficar", conta Sílvia, 32 anos, secretária. "No entanto, vivo infeliz por não ter um homem só para mim, mas não consigo por fim a essa relação."

O que dizem os especialistas

"Existem muitas hipóteses para explicar a atração que algumas mulheres têm por homens casados. Eu aposto no medo da rejeição. Se eu tentar um relacionamento e não conseguir vou me sentir rejeitada e isso é doloroso demais para mim. Agora, se eu investir numa conquista e não tiver chance de ganhar, aí tudo bem. Não me sinto rejeitada, afinal o cara era casado, não podia isso e aquilo. É como a história do menino que não estuda o ano inteiro. Chega na véspera da prova, ele tenta ver a matéria inteira e, claro, não dá tempo. Se ele passar, é um gênio. Se não passar era de se esperar, pois não deu tempo de estudar quase nada. Corajoso é o cara que estuda o ano inteiro e se arrisca. Corajosa é a mulher que se arrisca a ganhar ou perder no jogo limpo. Sem desculpas." Paulo Gaudêncio, psiquiatra, psicanalista e autor dos livros Minhas Razões, Tuas Razões; Mudar e Vencer, entre outros.

"Muitas mulheres gostam de participar de um triângulo amoroso. Isso, por si só, não é ruim, desde que elas sejam felizes assim. Se preferem essa situação a ter de viver um relacionamento convencional, em que um está sempre à disposição do outro, não vejo problema. O problema é quando começam a desejar que aquele homem seja só delas. O grande atrativo dos casados é justamente o fato de eles não estarem disponíveis o tempo todo. Se isso pode ser desconfortável por um lado, pode ser muito cômodo. Não existem regras do que é ser feliz. Tem gente que sonha em se casar, ter filhos e viver para sempre com um homem. E há quem se satisfaça em amar mesmo sabendo que não é a única na vida dele. Não existe certo ou errado se a pessoa estiver sendo sincera com ela mesma. O que não pode é querer que o outro mude para se encaixar nos planos dela." Lúcia Lara, psicoterapeuta.

A mulher chega em casa no final da tarde, quando o marido está saindo para o trabalho. Ele volta de madrugada e a encontra dormindo. O tempo em que ambos estão acordados e podem conversar não passa de alguns minutos por dia. A rotina desse casal, descrita no conto A Aventura de Um Esposo e Uma Esposa, do escritor italiano Italo Calvino (1923-1985), é comum a muitos. Manter um bom relacionamento, com tão pouca convivência, é o desafio para aqueles que têm "fusos horários" trocados.

Se há paixão, tudo fica mais fácil, avalia a psicóloga Maria Rosa Jorge, de 41 anos. "Quando duas pessoas estão apaixonadas, conseguem desfrutar da relação até se vendo por apenas cinco minutos por dia", garante. "Essa é, no entanto, uma via de mão dupla: quem está amando muito intensamente deseja estar na presença do outro em tempo integral", pondera. "A situação ideal fica em um ponto equilibrado entre esses dois extremos."

Nice Dantas Diego, de 23 anos, gerente da banca de jornais, afirma que chegou a um meio-termo nessa questão. Casada há dois anos, trabalha das 14h às 22h, e seu marido das 6h às 15h. "Sobra pouco tempo para ficar junto, mas nós nos amamos muito e sabemos aproveitar as horas que temos para curtir um ao outro", declara.

Quem não pode se dedicar em tempo integral ao parceiro, deve deixar isso claro no início do namoro, recomenda a psicoterapeuta Maria Aznar Farias, de 43 anos. "Há pessoas que precisam de mais tempo sozinhas que outras", explica. Mas quando a rotina muda, também podem aparecer entraves. A empresária Daniela Campi, de 33 anos, perdeu o namorado três meses depois de abrir uma franquia de café 24 horas em São Paulo. "É muito difícil encontrar alguém que compartilhe o gosto pela noite, ou pelo menos entenda meus horários estranhos de trabalho."


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